Se eu fosse o Aldo Rebelo, também ia proibir que invertessem subitamente os sentidos das palavras. Percebi que agora usam "literalmente" para
reforçar (assim mesmo, um reforço em negrito e itálico, tão supérfluo como este parêntese) o efeito de figuras de linguagem, justamente o contrário da acepção normal, que é frisar que
não se está falando num sentido figurado. Por exemplo, leio que tal lugar estava "literalmente explodindo de gente", mas não havia homem-bomba algum, nem houve explosão
real, de verdade, no sentido denotativo, sabe? E uma moça, até então atraente, me diz que está "literalmente morta de cansaço". Naturalmente, recuo aterrorizado. Se estivesse só morta de cansaço, poderia oferecer uma massagem, ou
pickup line equivalente. Mas necrofilia, nem morto.
Agora, suponha que a menina, outra, esteja doente de amor. Mas literalmente doente, no sentido literal de "literalmente" que não podemos mais usar. Com febre mesmo, o doutor diz que não há remédio em toda a medicina, etc. O que ela diz para o amado? Que está denotativamente doente?
Fico literalmente arrasado com essas coisas.
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