Yabbai

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Saturday, May 07, 2005

livros

O Noronha passou a bola. Agora é só chutar pro mato. Eu realmente não li livros o suficiente pra ter um gosto definido, mesmo se restringindo à ficção. Quando criança lia aos montes, mas desde que entrei na universidade tenho lido pouca ficção, e não tenho nem a desculpa clássica de falta de tempo: é falta de concentração (abandono livros no meio) ou preguiça mesmo. Mas vamos lá...


Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Eu interpretei essa pergunta assim: se você tivesse que escolher um livro a ser queimado, qual você escolheria? Nesse caso, seria O Guarani de José de Alencar, ou equivalente (não conheço os equivalentes porque depois desse instintivamente evitei romances brasileiros e portugueses da época, inclusive as leituras "obrigatórias" para o vestibular. Posso ter perdido alguma coisa boa. Um dia, se der tempo, eu volto). Trechos selecionados seriam preservados para que os estudantes brasileiros tivessem uma amostra do peso de que se livraram e eu seria louvado por séculos e séculos.

Todo mundo interpretou de outra maneira, o que provavelmente significa que estão todos errados, menos eu. Mas para preservar o wa, vamos lá: Gargântua, de Rabelais. Ou Gödel, Escher e Bach, de Douglas Hofstadter. Ou Gargântua dentro de um diálogo de Gödel, Escher e Bach.

Já alguma vez ficaste apanhadinho por um personagem de ficção?

Hmm, não. Podia ter sido a Capitu do Bentinho, mas na época eu achava que "olhos de ressaca" eram o resultado de um porre.

Engraçado, porque ficção é tão melhor que o mundo real, digo, pode ser tão melhor. Mas não me ocorre nenhuma mulher ideal na ficção (escrita), e eu encontrei a minha no mundo real (e ela nem lê este blog).

Qual foi o último livro que compraste?

Comprei 13 livros na Amazon -- não quer dizer que eu leia muito, isso vai dar para meses e mesmo assim alguns deles vão ficar na estante por um bom tempo. Vou citar só os de ficção (alguém quer saber o que ando lendo de história, filosofia, teologia? Talvez o de casos de uso?).

The Long Goodbye de Raymond Chandler. Esta semana assisti The Big Sleep, filme baseado no romance de Chandler, e achei meio chatinho, apesar de Lauren Bacall e Humphrey Bogart. Bem, o som ruim do VHS aliado à minha pobre compreensão oral do idioma de Samuel Goldwyn não ajudou. (mas Chandler está na lista do Uncle Filthy, eu comprei certo!).

I don't know yet what I am capable of doing, but by God, I have genius -- I know it too well too blush behind it, disse Thomas Wolfe aos 23, e seis anos depois publicou Look Homeward, Angel: A Story of the Buried Life.

Revolt in 2100: Methuselah's Children de Robert A. Heinlein. Esse livro tem uma capa tão ruim que merece um post à parte.

Don't Point That Thing at Me de Kyril Bonfiglioli. Também merece um post à parte, mas por um bom motivo: é delicioso.

The Confession of a White Widowed Male (anti-cata-corno Google: Lo-lee-ta)
de Humbert Humbertovich Nabokov (1). Também mereceria um post à parte, mas ao invés disso vou escrever uma resenha na Amazon sobre as anotações, que me custaram uns 2 dólares e vários preciosos minutos a mais. E continuo lendo uma ou outra porque, às vezes, às vezes, elas são bem legais, e não spoilers (não que eu esteja reclamando que anotações contenham spoilers, mas... (2)) ou informações inúteis e desinteressantes. Mas é difícil saber sem olhar. C'est la vie. (3)

(1) Quilty.
(2) She meets Quilty here.
(3) French. "That's life". The author is expressing his regret about his choice.

Copiei a lista da Amazon.co.jp, então os links naturalmente apontam para lá (em muitos casos, se você substituir o .co.jp por .com, funciona).

Qual o último livro que leste?

Revolt in 2100 & Methuselah's Children.

Que livros estás a ler?

Lolita e Man's Search for Meaning, de Viktor Frankl. Esse Frankl é um judeu pervertido, mas Lolita é um saudável antídoto moral.

Cinco livros que levarias para uma ilha deserta?

Muitos roubaram aqui: pô, "obras completas" não vale. Mas eu levaria a coleção de contos de Machado de Assis (2 dos pouquíssimos volumes de ficção que eu trouxe pra esta ilha não exatamente deserta).

Além disso, pace Mortimer Adler, tenho lá minhas dúvidas de que haja livros de ficção infinitamente "re-legíveis". Então deixaria de lado obras que li e gostei, de Wilde, Pessoa, Auden -- que logo estarão todos proibidos no Alabama -- Ayn Rand, Tolkien, e arriscaria em dois que mal comecei a ler, mas que certamente me tomariam bastante tempo:

Paradise Lost, de Milton. Não li mais que as primeiras páginas, talvez nunca termine, e mesmo que termine não sei será um dos meus livros preferidos. Mas dada a situação acho que seria amusing.

Em Busca do Tempo Perdido, de Proust. Só li O Caminho de Swann, mas vide parágrafo anterior.

Depois, a coleção de partidas de Go Seigen, o maior jogador de go no século passado. Cada partida, uma estória. Centenas de partidas, diversão garantida por anos. Eu só teria que fabricar um tabuleiro e achar 361 conchas pra fazer as pedras.

E finalmente, The Art of Computer Programming, de Don Knuth. Geek, eu? Imagina.

Ah, lembrei agora (é o sexto livro já, mas eu levaria escondido). Levaria a obra de mitologia de Bulfinch, de preferência uma edição ilustrada. Não sei o nome da edição original, mas já vi como The Age of Fable ou simplesmente Bulfinch's Mythology. Eu dei uma edição brasileira, chamada O Livro de Ouro da Mitologia, de presente pra minha mãe. Apesar de ser da Ediouro, é bem feita e muito bonita.

Três pessoas a quem vais passar este testemunho e por quê?

Rodrigo, TH, Flavião. Assim, quem sabe eu não pareça tão geek. E pro Alexandre Cruz Almeida Alex Castro (caso ainda leia este blog), porque incrivelmente ainda não vi seu nome citado neste meme.
# posted by rafael @ 00:54
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