O Paulo, do FYI, fala sobre
o fracasso do Free State Project. Segundo ele, ou melhor, segundo Dante Scala, citado por ele, o problema é o individualismo inerente aos libertários que entra em conflito com o grau de colaboração necessário a tal projeto. Sou cético quanto a essa avaliação e também quanto a certas premissas que estão implícitas aí.
Sim, libertários costumam ser individualistas. Mas mesmo deixando de lado que há muitos tipos de individualismo -- há Emerson e Thoreau, e há Ayn Rand e Rothbard, apenas para citar casos "extremos" -- não consigo levar a sério a afirmação de que individualismo seja incompatível com a colaboração de indivíduos com interesse em comum. Não vou nem entrar na questão de alguns conservadores serem considerados individualistas, ou por eles mesmos ou por progressistas.
Pode ter algo de verdade no prognóstico, mas até aí, socialistas tem uma grande dificuldade de formar um partido sem que ele se divida em correntes sectárias ou em micropartidos ridículos.
Acho que o problema é outro. Lord Acton disse que a liberdade é o mais alto fim
político. Mas não é absolutamente o fim mais alto. Muitos conservadores não entendem isso quando criticam o libertarianismo (parece que o
Reacionário). E muitos libertários tampouco entendem ou talvez esqueçam disso, embora inconscientemente estejam agindo segundo esse princípio quando permanecem no Alabama ao invés de migrar para o Free State.
Para muitos, a religião, a família ou a carreira pode ser mais importante que a liberdade ideal. Para um crente, de que vale morar numa sociedade minarquista ideal se essa sociedade for completamente secular? Impostos baixos dificilmente seriam um consolo para um católico se não houvesse uma igreja por perto. Diacho, até ateus que acreditam em coisas como moralidade ficariam incomodados em morar num lugar em que o
incesto passasse a ser algo aceitável (afinal, "é consensual!"). E se levarmos em conta que mesmo os estados mais intervencionistas dos EUA são relativamente livres, fica ainda mais difícil justificar para a sua família que os impostos na Califórnia estão inaceitavelmente altos e vocês
precisam se mudar para o outro lado do país. Mesmo um jovem objetivista radical teria que pensar muito antes de largar seu emprego em Washington "apenas" por causa de
mais uma lei draconiana.
Enfim, os libertários não estão sendo necessariamente contraditórios ou conformistas ao não se mudar para o Free State (embora certamente há conformistas e idealistas entre eles, como em qualquer grupo).
Será que o mesmo vale, em parte, para socialistas que continuam trabalhando para suas malignas empresas capitalistas ou para o governo "neoliberal" (aham) brasileiro, ao invés de imigrar para algum paraíso socialista, como Cuba ou Coréia do Norte? Talvez, mas acho que socialistas em geral não compartilham da premissa da política não ser a coisa mais importante do mundo. Duvido que eles subscreveriam a um princípio similar ao de Lord Acton, digamos, substituindo "liberdade" por "igualdade".
O Estado de Washington passou uma lei que proíbe fumo em estabelecimentos abertos ao público, inclusive bares, restaurantes, hotéis e... tabacarias. Até as áreas ao redor dos lugares fechados são "smoke-free" agora -- a fumaça do cigarro pode penetrar insidiosamente pelas portas, janelas e dutos de ventilação. Do
Boston Globe:
"It's a victory for everyone," said Paul Payton, spokesman for the American Lung Association of Washington. "The people of Washington spoke loud and clear. They want to breath clean indoor air."
For everyone, really? Se o cara realmente acha que fumantes prejudicam a saúde pública (uma afirmação que está longe ser provada), que diga isso. Mas dizer que todos, inclusive fumantes e donos de bares, são "vitoriosos" é demais.
In completely unrelated news, um juiz dá a sentença ao estuprador e este
responde que o juiz está sendo "mó mal-educado, pô". Parece
The Onion. Aqui no Japão, as japonesas aproveitam a desculpa da conservação de energia para aumentar a já costumeira
propaganda enganosa.